Dezembro Laranja busca conscientizar a população sobre a prevenção contra o câncer de pele
O câncer de pele representa atualmente 33% de todos os diagnósticos de câncer no Brasil, o que corresponde a aproximadamente 185 mil novos casos a cada ano, de acordo com dados recentes do Instituto Nacional do Câncer (INCA). O tipo mais prevalente, conhecido como não melanoma, é o que apresenta uma letalidade mais baixa. Já o tipo melanoma é menos frequente, no entanto, tem o pior prognóstico e o mais alto índice de mortalidade. O último mês do ano é marcado pela campanha Dezembro Laranja, que reforça os cuidados e prevenções contra o câncer da pele.
Considerado o maior órgão do corpo humano, a pele concentra a maior quantidade de potencial cancerígeno. Conforme a médica Dra. Sheila Matielo, a região sul do país lidera o ranking de casos por uma combinação de fatores. “Estamos em uma região com a população em sua maioria de pele clara, com pouca melanina, associado a índices solares muito agressivos. Esses dois fatores juntos fazem com que a gente seja um polo mais propício ao desenvolvimento de câncer de pele”, afirma.
Para conscientizar a população sobre os cuidados e riscos relacionados à doença, o mês de dezembro é marcado por uma campanha promovida desde o ano de 2014 pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), denominada Dezembro Laranja. Em 2023, o tema central é “Seu sol, sua pela, sua proteção”, que busca sensibilizar mais pessoas sobre o câncer de pele e sobre a importância de procurar um dermatologista regularmente.
Prevenção
A prevenção se destaca como uma das formas mais eficazes no enfrentamento do câncer de pele. Ao adotar práticas preventivas, como o uso regular de protetor solar, que deve ser reaplicado a cada três horas, evitar a exposição prolongada ao sol entre dez horas da manhã e quatro horas da tarde, horários com maior intensidade dos raios UV, utilizar óculos de sol com capacidade de proteção UV, chapéu com seis centímetros de aba. Na praia ou piscina, utilizar tendas e guarda-sóis de algodão ou lona, evitando nylon, que não bloqueia os raios solares.
Outra medida muito importante de prevenção ao câncer de pele é evitar as conhecidas camas de bronzeamento artificial que ganham mais evidência com a chegada do verão, mesmo estando proibidas desde o ano de 2009, após uma resolução publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que proíbe o uso de equipamentos de bronzeamento artificial para fins estéticos. Conforme a Dra. Sheila, entre os problemas causados pelo procedimento, há risco de queimaduras, envelhecimento precoce e problemas na visão. “Para as mulheres que desejam atualizar a marquinha do biquíni sem prejudicar a saúde, a exposição ao sol após às 16 horas, de forma consciente, além de uma alimentação rica em betacaroteno ou até mesmo os recursos de maquiagem corporal são as opções mais recomendadas”, pontua.
A realização de exames dermatológicos periódicos auxilia na prevenção e possibilita reduzir significativamente o risco de desenvolver o câncer de pele. A médica dermatologista, Dra. Fernanda Camozzato, explica que o recomendado é que a pessoa procure um médico especialista no mínimo uma vez ao ano. “O mais importante é que se busque um dermatologista pelo menos uma vez para que o médico possa classificar o risco do paciente, como deverá ser o acompanhamento após isso, porque isso muda conforme o perfil do paciente. Fatores como histórico de câncer de pele na pessoa ou mesmo na família é que irão determinar a frequência certa do acompanhamento junto ao dermatologista”, destaca.
Sintomas
O câncer de pele pode manifestar uma variedade de sintomas. Para a Dra. Fernanda, existem alguns sintomas que são mais comuns associados ao câncer de pele, incluindo alterações na pele, como mudanças na cor, textura ou aparência, lesões persistentes que não cicatrizam, crescimento de nódulos com bordas irregulares, modificações em pintas existentes, coceira persistente ou sensação de ardor, surgimento repentino de novas manchas, e irregularidades na superfície da pele, como descamação ou crostas persistentes. “O diagnóstico precoce, principalmente nos casos de melanoma, aumenta as chances de cura, sendo o fator que mais influencia no prognóstico do paciente”, afirma.
Uma abordagem simples que pode ajudar as pessoas a identificar potenciais sinais de alerta, mas que não substitui a avaliação de um dermatologista, é o teste ABCDE, útil para a autoavaliação de pintas e manchas na pele, em que cada letra corresponde a uma característica: Assimetria (A), Bordas Irregulares (B), Cor (C), Diâmetro (D) e Evolução (E). “É preciso prestar bastante atenção na modificação dos sinais pré-existentes, como a mudança no crescimento, na cor e em bordas irregulares, por exemplo. E uma dica muito importante é ter atenção a lesão nova, uma lesão que não existia e que está crescendo, está modificando e não cura”, destaca Dra. Fernanda ao recomendar a procura por um dermatologista quando a pessoa nota qualquer uma dessas alterações.
Tratamentos
O tratamento do câncer de pele abrange uma variedade de abordagens, dependendo do tipo e estágio da doença. A cirurgia é comum, envolvendo a remoção do tumor, enquanto a crioterapia utiliza o congelamento para tratar lesões superficiais. Já a terapia fotodinâmica usa substâncias fotossensíveis ativadas por luz para destruir células cancerígenas, e a radioterapia emprega radiações ionizantes em casos específicos. A imunoterapia estimula o sistema imunológico, e a terapia alvo foca em células cancerígenas específicas. Outra opção de tratamento é a quimioterapia tópica, que trata lesões superficiais com substâncias químicas, e medicamentos orais podem ser prescritos, especialmente para melanoma. O tratamento ideal é determinado por fatores individuais e deve ser discutido com uma equipe médica especializada, enfatizando a importância contínua da prevenção e detecção precoce.